sábado, 28 de agosto de 2010

O pescador jogou no mar
A teia da sua rede
para pescar a minha dor
Ah, pescador!

Trouxe estrelas-do-mar
cavalos-marinhos
ostras e pérolas
de Iemanjá...

Mas minha dor
Ah, pescador!
Não conseguiu pescar

Ela ficou
Lá no fundo
Do mar...
               30/07/2007

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Quase um Blues escrito à lápis

Este é um poema de uma amiga, em homenagem a nós, os Escorpinianos...

Ai daquele que passa
despercebido
e lento
pelo caminho
e arrasta,
meio que sem
querer
e afasta
a provocar
tormento,
a figura
quieta
calada
e muda
do Escorpião...

Ai daquele
tolo
que ao agir
sem zelo
trôpego
bolo
sem condimento
e enfeite
que nem
sequer
arrasta
frágil asa
leve de pássaro
vagueador
num alento
(de amor...)

Ai de todo
o desavisado
que jamais
regou
as flores
na janela
que jamais
sonhou
os sonhos
de um louco
que jamais
plasmou
vontades
inenarráveis...

Se
um dia
e
apenas
um dia
ele cruzar a rua
e esbarrar
num espanto, e pisar
na cauda
muda
e calada
e quieta
de um Escorpião...
Seu fim
ou seu começo
Como saber-lhe
o canto?
Se envolve
Em encanto
E torna mágico
O sorriso trágico
de quem
jamais amou
em prantos...

Provavelmente
Se o Escorpião
O quiser
Ser-lhe-á a graça
Como da roupa a traça
Para trançar-lhe
O canto
E ninar-lhe
A alma
a embalar
o sonho

E talvez
Quem sabe
A mágica volte
E a vontade
Sobre
E a transbordar
de graça
Faça-lhe o bem
Supremo
de redigir-lhe
um poema
falando de um planeta
                            "blues".

Silvia, junho/93
Procuras...
Procuro
Sei que não estás
Naquelas horas
Naquele lugar

Procuras...
O que?
Entre ruas e sonhos
Magia e luar

Procuro
Teu rosto
No espelho das águas
Nas trilhas
Florestas
Nos rios
No mar...

Por onde
Procuras
Lá não está
O silêncio
A lua
O mar

Ainda assim
Eu procuro
Não há como fugir
Um dia
Teus olhos
Encontro
Por aí...
            14/01/2007
Como
A aranha
Tece
Sua malha
Trama
Fios
De sonho
A alma arma
O pulo
Teia tela
De arame
Na solidão.
          30/01/2002
Meus dois amores
Um aqui, outro acolá.

Meus dois amores
Tem nomes lindos
Um lá, o outro cá.

Um rouba um beijo
Outro, um afago
Um ali, o outro lá.

Meus dois amores
Estão tão longe
Um do outro
Mas muito perto
De mim.
          30/01/2002
Semi-ótica
Ver pela metade
Por partes
Particular-partícula
Recorte
Corte
Do que já foi cortado
Olhar educado
Por quem interessa
E ninguém vê
Na TV
Que não te vê.

Televisão
Tela
Janela
Que abre
ou fecha
Mundos.
          2001

Roteiro para conhecer um pouco de Porto Alegre

Comece pelo Mercado Público
Tonteante de tantos odores
Tempere com um cafezinho e misture
Seu olhar às bancas multicores

Prossiga na escada rolante
Para um visual ascendente
E de outros ângulos descubra
Cantos e recantos surpreendentes

De lá vá para o museu
Entrando bem de mansinho
Sentindo o sabor da arte
Mas não coloque o dedinho!

Suba e desça, desapareça
Pelos meandros do MARGS
Descubra escadas, sacadas
Que te fazem viajar

De lá para o Memorial
É apenas um pulinho
E quanta coisa para ver!
Não sei se vou ou se fico
Mais um pouquinho...

Muito mais tem a cidade
Para alegrar o coração
Magia e mapa do poeta
Roteiro da paixão.
                          07/2003
A mão calejada
A alma lavada
O sorriso escuro
Os olhos brilhantes
Trabalha de dia
Trabalha de noite
Festeja às vezes
Sonha sempre
Espera muito
Ganha pouco
Trabalha
Dor.

Todo dia
Trava a luta
Trabalha
Disputa
Sente
Frio
Calor
Semente
Cor
Amor
Trabalhador.
                 07/2003
Todo dia quando passo
A caminho do trabalho
Vejo aqula menina
Na esquina
Todo dia quando saio
Ela passa como um raio
Mas fica no meu pensamento
Sua figura franzina
Vendendo na sinaleira
O doce da infância perdida.
                                  07/2003
As janelas dos ônibus
São vitrines de nós mesmos
As pessoas desfilam nas ruas
Como manequins...
Atrações que nos distraem
Enquanto a viagem não termina
Distrações que nos atraem
O olhar, a cada esquina.
                             2002