sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Quase um Blues escrito à lápis

Este é um poema de uma amiga, em homenagem a nós, os Escorpinianos...

Ai daquele que passa
despercebido
e lento
pelo caminho
e arrasta,
meio que sem
querer
e afasta
a provocar
tormento,
a figura
quieta
calada
e muda
do Escorpião...

Ai daquele
tolo
que ao agir
sem zelo
trôpego
bolo
sem condimento
e enfeite
que nem
sequer
arrasta
frágil asa
leve de pássaro
vagueador
num alento
(de amor...)

Ai de todo
o desavisado
que jamais
regou
as flores
na janela
que jamais
sonhou
os sonhos
de um louco
que jamais
plasmou
vontades
inenarráveis...

Se
um dia
e
apenas
um dia
ele cruzar a rua
e esbarrar
num espanto, e pisar
na cauda
muda
e calada
e quieta
de um Escorpião...
Seu fim
ou seu começo
Como saber-lhe
o canto?
Se envolve
Em encanto
E torna mágico
O sorriso trágico
de quem
jamais amou
em prantos...

Provavelmente
Se o Escorpião
O quiser
Ser-lhe-á a graça
Como da roupa a traça
Para trançar-lhe
O canto
E ninar-lhe
A alma
a embalar
o sonho

E talvez
Quem sabe
A mágica volte
E a vontade
Sobre
E a transbordar
de graça
Faça-lhe o bem
Supremo
de redigir-lhe
um poema
falando de um planeta
                            "blues".

Silvia, junho/93

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